15.1.09

"Por ai, eu não vou"



Day one, day one
Start over again
Step one, step one
I'm barely making sense
For now I'm faking it
(Not As We, Alanis Morissette)


A semana fecha com mais um equívoco. Não sei se chego a lamentar. Não sei se há realmente algo a lamentar. Deixei uma porta entreaberta, mais por descargo de consciência do que por convicção de que poderá valer a pena. Não cheguei a tirar os pés do chão e ainda tive de andar a disfarçar, como um adolescente, o chupão no pescoço.

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Há mais ou menos uma semana, estava eu, banho tomado, a secar o cabelo num dos espelhos do balneário quando um dos personal trainers veio dividir a bancada comigo. Nada de mais, não fosse o facto de eu estar vestido, como é normal, e ele totalmente nu. Já o vi várias vezes no ginásio: mais de um metro e oitenta, moreno, boa pinta e corpo musculado. Claro que lhe tirei as medidas pelo espelho, mas tentei ser o mais discreto possível para não lhe dar a satisfação de "alvo atingido". Não faço a menor ideia se o fulano é gay ou não; tão pouco me dei ao trabalho de ficar ali plantado mais tempo do que o estritamente necessário para um tira-teimas. Mas, a ser verdade que ele se estava a fazer a mim, não deixa de ser lisonjeiro, pois o fulano deve ser o sonho de consumo de muito macho por ai, mas não levo jeito para este tipo de engate com linguagem cifrada. E se não é gay, o que eu duvido pela forma como se exibiu, tem imenso talento para a coisa, pois nunca vi um tipo levar tanto creme para um ginásio e colocar tamanho empenho na aplicação de um corrector de olheiras. S-E-I.

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Há dias, nesse mesmo espelho, de novo a secar o cabelo (sim, eu sou dos que não saem para a rua de cabelo molhado). Assim como quem não quer a coisa, o mesmo tipo com quem ainda há pouco tinha cruzado o olhar enquanto estávamos os dois a fazer cardio, chega-se à bancada com o pretexto de se ajeitar antes de sair. Fico com a sensação de que os seus gestos saem meio atabalhoados e que tudo não passa de um pretexto esfarrapado para trocar mais um olhar comigo. Dá-me mesmo a impressão de que, por uma fracção de segundos, fica à espera de alguma reacção minha. Azar. Eu realmente não levo jeito para este tipo de coisas. O fulano acaba por se ir embora e é uma pena. Não me importava nada de ter ficado com o seu número, just in case...

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Escrevi há pouco que deixei uma porta entreaberta, não foi? Ah, já me arrependi. Esqueci-me que por cada porta fechada, Deus abre-nos uma janela. Do nada recebo um sinal de fumo de alguém que julgava já perdido para quem o soubesse apanhar... Leio na mensagem "É só para saber se está tudo bem contigo...". S-E-I. Acho que vou responder: estava uma merda, mas agora pode ficar óptimo.

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Um dia destes, eu ainda me canso de ser um homem decente e enveredo de vez pelo mau caminho. Bem ao género "Oh God make me good, but not yet".