13.10.08

Confessions on a dance floor


So slide over here
And give me a moment
Your moves are so raw
I've got to let you know
I've got to let you know
You're one of my kind


I need you tonight
'Cause I'm not sleeping
There's something about you girl
That makes me sweat

(Need You Tonight, INXS)


"Gajo, adorava foder contigo". Tout court. Dizem que quem anda à chuva é para se molhar, mas, ainda assim, este é o tipo de abordagem straight to the point que, por norma, me deixa algo indiferente. Há quem diga que tenho pruridos a mais, que me comporto, não raras vezes, como um "donzelo" e que, para uma queca (transa) descartável, não é preciso estar cá com coisas. Talvez o problema seja esse, o das quecas descartáveis. Não tenho nada contra uma boa queca descartável, mas já o mesmo não digo das pessoas. Não gosto de quecas com pessoas descartáveis a priori. Pode parecer a mesma coisa, mas não é. Garanto-vos que não é.

Agora o reverso da medalha...

O Médico, boa conversa, um ano mais velho do que eu. Diz que a sua relação de vários anos está em crise, que me acha atraente, interessante, rebeubéu, pardais ao ninho... Acena-me com um jantar, mas, como mostro alguma reserva, sugere antes um copo... Não gosto de blind dates; insisto que antes vai ter de se mostrar. Desaparece do mapa.

O Oficial da justiça e O Advogado. O primeiro vai bem lançado nos trinta, o segundo está quase a chegar lá. Nenhum dos dois me deixa extasiado do ponto de vista físico, mas parecem pessoas agradáveis e de bom trato. Conversamos, mas, quase sem me darem tempo para mais nada, já estão a fazer cobranças, a reclamar exclusividade e a amuar. É delete sem contemplações.

O Arquitecto, primeira metade dos trinta, corpitcho bom todos os dias. A conversa começa bem. Tipo inteligente, com sentido de humor e bom gosto. Numa noite de insónia, manda-me uma mensagem. Mas, lá está, dá-me a impressão de que não andamos bem ao mesmo. Estamos num impasse. Está morno. Quase frio.

O Louro Alto que se julga o Pequeno Príncipe, só que em versão sei-que-sou-bonito-e-safado. Começámos a trocar farpas sem grande consistência, mas a coisa arrasta-se e ele nunca me deixa sem resposta. Tem namorado, diz ele - e eu julgo que até sei quem é, um moreno de parar o trânsito -, mas ainda assim está cheio de graças para o meu lado. A dar alguma coisa, vai ser só putaria da grossa.

O Gestor de linha férrea, seja lá o que isso quer realmente dizer. Não é bonito, mas tem um bom corpo e sabe conversar. É dos tipos que mais se interessou por mim, fora a embalagem, nos últimos tempos. Num só dia mandou-me 11 mensagens e não esconde que está muitoooooooooo a fim, mas fá-lo com elegância. Detalhe: tem uma relação aberta com o seu companheiro de há 13 anos... À última da hora inventei uma desculpa para ganhar tempo. Acho que vou sair de fininho enquanto ainda posso. Não tenho pedalada para estas coisas muito modernas.

O Antropólogo, a mesma idade, com namorado na Polónia. Diz que quer ser meu amigo, mas não arrisca um "desta água não beberei". Estou fascinado com a sua inteligência, com o seu sentido de oportunidade e pela forma como me desafia. É daqueles que dá luta e isso deixa-me muito, mas mesmo muito curioso. Está-me a conquistar pelo cérebro e isso é perigoso. Não sei onde isto vai dar. Vamos jantar na sexta.

O Contabilista, idade de Cristo, bem menos sonso e inocente do que parece ao primeiro olhar. Está louco para arranjar um namorado, o que me deixa de pé atrás. Não me atrai, mas ainda assim, e como tratou logo de me passar o seu número e de insistir imenso para irmos beber um café, eu lá resolvi tentar. Na hora, o tipo fez-se de caro e depois desculpou-se imenso. Fiquei fulo. Purgatório com ele.

O Investigador na área de Humanidades, com apenas 24 anos. Sacrilégio. Não era, não é, meu propósito envolver-me com alguém tão novo. Abro uma excepção e, desde logo, a primeira conversa revela várias afinidades... Desde então, a afinidade não pára de crescer e ele revela uma maturidade que eu não estava à espera. Tenho imensas reticências, mas não nego que a coisa está a tomar um rumo inesperado. Marcámos um café na quinta.

A lista é extensa e nem sequer está completa. A avaliar pelo tamanho da encrenca em que me estou a enfiar, muitos, não duvido, dir-me-ão que mais valia, por ventura, eu dar ouvidos a quem não perde tempo com floreados ou converseta de salão e vai directo ao que (lhe) interessa: "gajo, gostava de foder contigo". Pois é, acontece que eu gosto de preliminares e de jogos de salão.
"Oh God, make me good, but not yet!".