11.6.08

Com as calças na mão


Sexy boy, sexy boy ...
Où sont tes héros aux corps d'athlètes
Où sont tes idoles mal rasées, bien habillées
Sexy boy, sexy boy ...
Dans leurs yeux des dollars
Dans leurs sourires des diamants
Moi aussi un jour je serai beau comme un Dieu
Sexy boy, sexy boy ...

(Sexy Boy, Air)


Se for apanhado com as calças na mão, ao menos que esteja a usar um par de cuecas Aussiebum. Como não é o tipo de presente que se peça de aniversário à mãe ou à tia, eu mesmo tratei do assunto: fui direito ao site e fiz a festa. Ainda acho que a marca australiana deveria fazer uma forte campanha publicitária junto dos familiares que têm por (mau) hábito oferecer cuecas e meias ― sem um pingo de imaginação ― pelo Natal…

Enfim, para compensar tamanho arremesso de futilidade, aproveito os feriados e a chegada do Verão ― que já tardava! ― para colocar a leitura em dia. De uma penada só, devoro Hermann Hesse, Ian McEwan e José Eduardo Agualusa. Diz Siddhartha:
«Podemos partilhar conhecimentos, mas não a sabedoria. Podemos encontrá-la, podemos vivê-la, podemos ganhar importância com ela, podemos fazer maravilhas com ela, mas não podemos comunicá-la e ensiná-la.»

Partilhar conhecimentos é bom. Podemos sempre aprender alguma coisa com os erros e acertos alheios. Mas há limites para a partilha. Em vésperas de Santo António, em vez de ir desabafar com o santo casamenteiro, a minha amiga do post anterior, a confirmar os meus receios, cismou em fazer de mim seu cúmplice à força. Assim, antes de nos lançarmos na orgia de sangria, sardinha assada ― que eu dispenso! ― e manjerico, vou ter de passar pela dura provação de a ouvir contar-me, com detalhe e minúcia, o que se passou entre ela e o “motoqueiro galanteador”... As mulheres, mesmo as que se dizem modernas e muito à frente, são vítimas delas mesmas. Passo a explicar. No início, armam-se em fortes, dão trela a marmanjos que, está na cara, só as querem apanhar entre os lençóis, mas insistem... Argumentam elas que estão a dominar as regras do jogo e, como tal, são perfeitamente capazes de encarar o sexo como algo descartável. Siga para bingo.

O pior vem depois. Podem até não dar parte de fracas na altura, mas assim que deixam a toca do lobo e ficam a remoer no que ouviram da boca do gabiru ― o clássico “não tenho vocação para o compromisso nem para a fidelidade”, metido desajeitadamente entre uma garfada e um gole de vinho, e que vale como o seguinte aviso de navegação: não te iludas que o jantar a dois é mesmo só um pretexto porque parecia mal irmos para a cama a seco ―, mal disfarçam a falsa resignação de quem “foi comida e não gostou” . E como as amigas estão longe, e os seus sentimentos para comigo são algo ambíguos, sobrou para mim fazer as vezes de ombro amigo. Deve ser castigo… Só pode ser castigo. É nestas alturas que gostaria de ser apenas, e só, um sexy boy como aqueles rapazes que vêm nos catálogos da Aussiebum... Mostram o que está à vista e a mais não são obrigados.

10 comentários:

Goiano disse...

uahuahuauh
essa mulher quer tirar a raça com vc (leia-se produzir filhinhos)
huahuahuauh

todos ja estivemos na situacao dela... vai la e oferece o ombro e muito vinho
quem sabe nao ajuda
e se ela se insinuar mais ardentemente ... enfia vinho nela que ela apaga
bjso

jacques disse...

hahahaha! estou a rir com o comentário do goiano logo acima. creio que concordo com ele.

beijos.

Will disse...

Pois... acho que já nos aconteceu a todos ter que levar com a amiga carente. No entanto, a sugestão do Goiano é óptima: embriaguez!

Aproveita bem esse St.º António que eu vou fazer o mesmo: quem sabe se não nos encontramos por lá?

Anónimo disse...

Gente, manda essa mulher para o Brasil que a gente manda ela pra Argentina...

Tarco Rosa disse...

Boa leitura... Esses escritores, na minha opinião, são fundamentais... Todos deveriam ao menos ter curiosidade de ler. Um grande abraço

Edu disse...

Dá os livros de presente pra ela. Quem sabe ela acalma??

Beijo!

Luís Galego disse...

Hermann Hesse, Ian McEwan e José Eduardo Agualusa são motivo mais do que suficiente para relevar as angustias da amiga...que não sendo nenhum ser inferior, e não devendo ser ingénua, sabe a que tipo de jogo se propôs...não substimes a inteligência das mulheres (lol), tambem elas quando querem descartam com facilidade os machos que apenas lhes interessam para determinados actos mais libertários. Não somos assim tão diferentes, julgo eu, sem certezas abolutas.

Uma vez mais valeu a pena atracar por aqui.

Um abraço,

Râzi disse...

ahauhauahauauahauahuah!

Então vc queria ser apenas um objeto sexual????

MAs vc queria ser.. digamos, um objeto ativo ou apenas daqueles que fica esperando ser abordado, para não ser dar ao desfrute de ser recusado??

Haauhauahuhuahauhauahau!

Bom, eu acho que se é muito louvável ouvir e ser caridoso com os amigos, uma vez que se não o fôssemos, naõ mereceriamos essa alcunha!

Beijão, seu puto! E não! Ainda não quero!
:p

Kokas disse...

Mas afinal não era uma amiga? Ai ai... os amigos servem até para nos ouvirem dizer que... "fomos mal comidos"...!

Aquele abraço

PS- Nada de conclusões precipitadas. Comer e ser comido são expressões que não associo a papeis específicos. LOL

paulo disse...

as Aussiebum são fantásticas e concordo: os familiares deviam ter um curso de bom gosto. dava imenso jeito!