7.2.08

Homem-Objecto


Mojas el pan en el plato vacío,
y apagas la televisión;
Sales a la calle, y te vas al muro;
donde siempre hay alguien,
donde empieza el mar.

(
El Muro, Miguel Bosé)


Desde o final da minha adolescência que me delicio – confesso ― a lançar a confusão entre amigas e conhecidas sempre que lhes revelo, meio a brincar, meio a sério, que, não tendo nada a provar, aspiro mesmo é a tornar-me homem-objecto… Algumas, poucas, quase acreditam, mostrando-se ora desconcertadas, ora intrigadas e tentadas a testar a teoria (à conta disso já apanhei sustos valentes! hahahahahahaha); as outras, as que me conhecem melhor (e sabem que não possuo nem atributos, nem vocação para tal façanha), ainda assim fingem acreditar e entram no jogo, certas de que está em causa dar umas boas gargalhadas à custa da minha desfaçatez.

A mesma brincadeira repetiu-se há uns dias, com duas amigas de longa data ― o tempo suficiente para já terem percebido que há qualquer coisa a não bater lá muito certo no meu percurso amoroso. E, mais uma vez, rimos.

Muitos dos que me lêem vão-se apressar, estou certo, a ver neste meu comportamento a mesma tentativa atabalhoada de sempre de fugir à verdade ou uma manobra de diversão. Talvez estejam certos. O facto é que, e já tenho pensado nisso, eu gosto de manter a tensão sexual entre mim e as mulheres que me são próximas e não estou de todo preparado para passar a ser apenas visto por elas como um confidente. Por outras palavras: aprecio que se sintam à vontade comigo para, se for preciso, ficarmos em pijama na mesma cama a jogar conversa fora, mas não quero que fiquem tão à-vontade que me deixem de olhar como homem e passem antes a ver-me como “um igual”.

Acho que, no fundo, invejo a ambivalência de homens como o espanhol Miguel Bosé ― é dele a música que abre este post. Já não tem a mesma frescura de quando encarnou na tela o travesti de Saltos Altos (Tacones Lejanos, 1991, de Pedro Almodóvar), mas Bosé sempre conseguiu ser, mais do que mero objecto de desejo, sexualmente ambíguo para ser desejado por homens e mulheres. A ideia, por mais egoísta que possa parecer, agrada-me.

11 comentários:

Paulo Mamedes disse...

Eu gosto de brincar de falar com o "c" antes do "t"...
Tipo objecto, chacto, acto, hauhaua, aqui como vc sabe é tudo sem c... objeto, chato, ato... mas para dar enfase a palavra...eu brinco assim...

Mas pelo que percebo vc mesmo que quisesse não poderia ser um homem objecto... não falo isso pelos atributos físicos, que eu não posso avaliar, mas pelos atributos intelectuais ... que não permitem colocar vc nessa situação... hehehe

Abração!

Latinha disse...

Meu amigo, tenho que certeza que as mocinhas (e porque não mocinhos) nunca poderiam ser-lhe indiferentes. Mesmo que não tivesse os tais atributos para tornar-se um "homem-objecto" (o que poderia apostar que não lhe faltam), inteligência, educação e saber lidar com as palavras podem despertar tanto interesse quanto atributos físicos.

Talvez não seja exatmente o "Homem-Objecto" que conhecemos, mas um "Homem-Objectão Misterioso" ;-)
que particularmente eu acho ser muito sedutor e intrigante.

Grande abraço!

(Fora isso, tem o sotaque né! Você conhece meu "passado" com sotaques ehehhehe)

Anónimo disse...

Também gosto da idéia. Não gosto de esteriótipos, gosto de bagunçar as ordens das coisas. Abração!

Anónimo disse...

Esse Latinha tá assanhado...

Anónimo disse...

Thanx, bêibér!
:)))

Goiano disse...

oi preciso te pedir um favor...
um favor importante...

para de se oferecer as mocinhas e mocinhos...

seu safado... e nosso amor???
homem objeto uma pinoia!!!
(crise de ciumes: mode on)

kkkkk
brincadeira
bjos e saudade!

Goiano disse...

para de desfazer do meu amor
para!

vc nao tem senso!
te vejo no msn!

ÓH mundo cruel!!!
que todos saibam as maldades que vc faz comigo!!!

Will disse...

Epá, sou o primeiro português a comentar este texto (ó Oz o teu blog parece uma delegação do Consulado-Geral do Brasil, kkkkkkk): eu acho o MÁXIMO a ideia do homem objecto e adoro alimentar um certo "frisson" com as colegas e algumas amigas mais distantes (com as próximas não consigo).

Râzi disse...

Hauahauhauahauhauah!

Eu acho que isso não passa do bom e velho orgulho de macho!

Não é fácil se livrar dele! Até mesmo eu, que levo a coisa de se declarar com gay e assumo que gosto de ser passivo, mas que ativo, às vezes ainda me sinto meio incomodado com algumas situações!!!

MAs com o tempo isso passa!

Ontem vc estava online, e eu, de saída! Quero te achar online porque tenho umas perguntinhas pra vc!!! hauahauahu!

Beijão, meu padeiro lindo!

João Roque disse...

Embora nunca tenha jogado esse "jogo" entendo-o perfeitamente e aceito muito bem a necessidade de que muitos homossexuais busquem algo parecido com isso, não querendo nem gozar com as mulheres, nem servir-se delas, apenas como modo de estar.
Abraço.

André Mans disse...

eu já nem ligo
pode conversar pelado entre amigos
o que vale é o papo

adoro!