C'est se taire et fuir, s'offrir à temps
Partir avant de découvrir
D'autres poisons dans d'autres villes
Et en finir de ces voyages immobiles.
(Les Voyages Immobiles, Etienne Daho)
"Amar pela simples beleza do gesto"
Foi este o verso que me ficou a ecoar na cabeça depois de ter visto As Canções de Amor, um filme de Christophe Honoré ― produzido pelo português Paulo Branco ―, que esteve em competição no último Festival de Cannes e estreou entre nós na semana passada. É uma estória em três actos sobre errâncias, vazio, solidão e amor, em que Paris ― ou o anjo da Praça da Bastilha ― é mais do que um mero pano de fundo e as canções, as tais canções de amor, são mais do que um mero fio condutor.
- Já amaste pela simples beleza do gesto de amar?
Mais do que uma pergunta, Erwann, o liceal romântico do filme que aparece para baralhar as regras do jogo, coloca-a quase como um desafio ao melancólico e perdido Ismaël. Sentado na poltrona, abandonei por segundos o lugar confortável do que se limita a observar de fora e pus-me na pele do visado.
E nem foi preciso reflectir muito para saber o que responderia se fosse comigo. Não. Eu responderia não, porque, por mais que possa achar tentadora a ideia de amar só pelo prazer de amar, não me chega ― e duvido que algum dia venha a bastar. Não sei se isso faz de mim melhor ou pior pessoa. Melhor ou pior amante. Mas preciso amar (alguém ou algo) em concreto e não em abstracto.
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E já que falo de filmes, estreia hoje A Outra Margem. Se calhar, como a grande maioria dos portugueses, tenho uma relação complicada com o cinema nacional, mas este deixou-me curioso depois de ver a sua apresentação e de ter lido na Única (jornal Expresso) uma entrevista lúcida e inteligente de Filipe Duarte, que interpreta Vanessa Blue, um travesti amargurado, vencedor do prémio de Melhor Actor ― ex-aecquo com o jovem, portador do Síndroma de Down, que contracena com ele ― no Festival de Cinema de Montreal.
9 comentários:
Então o preconceito contra as coisas pátrias (no cinema) rola por aí também? Por aqui tem mudado. Os filmes têm mudado. E tomara que esse filme aí chegue por aqui, nem que seja na tv a cabo. Também fiquei curioso.
BEIJO!!!
bom, aquelas felicidades são a teoria (mais uma) de um psicoterapeuta famoso por estas bandas, que está lançando mais um livro. Também acredito cada vez menos em fórmulas, mas concordo que existem felicidades de melhor qualidade que outras.
Beijo!!
Vou por ti, amigo Oz
nunca fui capaz de amar em abstracto e continuarei assim.
Quanto ao filme português, estou curioso, principalmente pelo Filipe Duarte; é um homem muito sexy, mas a quem falta, ainda, na sua carreira , um papel que o defina como um bom actor; será desta?
Abraço.
E não estarará o acto de amar pelo simples gesto de amar apenas votado às manifestações artísticas? Eu responderia que sim, mas, isso, sou eu, que, apesar de tudo, sou um grande cínico.
Abraço!
Acabei de ver o "A outra margem"... em termos técnicos não está nada de especial, mas a história é bonita e gostei dos desempenhos.
Como sempre eu vou pela contra-mão, acho que de falto eu sempre amei pela beleza do gesto de amar. Por diversas razões desenvolvi essa "faceta" ao longo dos anos. E deixando me levar pelo adiantado da hora, eu arriscaria dizer que talvez hoje uma das minhas dificuldades seja amar pela "necessidade" de amar.
Agora, posso te afirmar... "não basta", por um tempo pode servir como um paliativo, mas um dia você descobre que há uma outra forma de amar e nesse dia... a beleza do gesto, não mais será suficiente para acalentar seu peito.
Definitivamente o concreto é necessário! ;-)
Adorei o post!
A minha teoria é... hauhauahauha!
Meu padeiro lindo, eu acho que a gente ama sempre com objetivo.
O amor por amar está muito acima de todos nós! Seria o agape. E somos todos criaturas eróticas!
Beijão!
Gatoooo! Sumidoooo! Blz? Nossa, o filme parece ser show, hein? Adorei, será qeu chega no Brasil?
Escuta, to com saudades de ti, viu?
Beijos! apareça!
quantas teorias...
acho que não sei amar.
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