When you go
Would you even turn to say hey
"I don't love you
Like I did
Yesterday"
(I don’t love you like I did yesterday, My Chemical Romance)
Nas duas últimas semanas, o meu trabalho absorveu-me e esgotou-me como há muito não acontecia. Mas fi-lo sem queixas, pois estive a fazer algo que me deu enorme gozo. Por mais de uma vez, já tive o privilégio, e a felicidade, de me realizar profissionalmente, mas sempre tive bem claro que, tal como não me limito a trabalhar para viver, também não vivo para o trabalho por mais que goste do que faço. Mas sei, com o devido mea culpa, que é muito fácil perder o pé e errar a mão. Sobretudo quando retiramos prazer do que fazemos e vamos deixando para trás coisas e pessoas, convencidos de que a hora é aquela e que mais tarde poderemos voltar atrás para apanhar o que sobrou e colar os cacos. Já me aconteceu. Talvez por isso, eu tenha hoje o dobro do zelo para dar a cada coisa o seu devido espaço e não cair na asneira de as misturar. Não dá direito a happy end, acreditem.
Vem isto a propósito de uma conversa que tive há dias com um colega. Encostados a um balcão de bar, depois de várias cervejas ― e há situação mais propícia à (in)confidência? ―, ele, que deixou o seu país e muita coisa para trás por amor a uma mulher, dava-me conta que o seu casamento de apenas dois anos se ressentia até certo ponto das suas constantes ausências devido ao trabalho. Ele tem perfeita consciência disso, mas esta ― a sua realização profissional ― é das poucas coisas, talvez a única, de que não está disposto a abdicar, certo de que sem isso acabará por se tornar um homem infeliz e, necessariamente, alguém incapaz de fazer feliz quem estiver ao seu lado.
Mais do que dar palpites, escutei o seu desabafo, mas aquilo ficou a ressacar na minha cabeça.
- Até onde estamos dispostos a ir, a abdicar, em nome de uma promessa de felicidade?
- Até que ponto poderemos ser felizes, e fazer feliz quem nos rodeia, se anulamos parte do que somos?
Confesso que se nunca fui muito idealista a este respeito, estou ainda mais céptico. Sobretudo agora que me meto também na pele daqueles que, mais do que por amor, abandonam tudo, ou quase tudo, o que lhes é familiar para ir viver de forma mais livre a sua (homo)sexualidade.
- Não será demasiado alto o preço a pagar?
- E o vazio do que se perdeu, chegará algum dia a ser preenchido pelo que se ganhou?
Perguntas sem resposta. Ou melhor: perguntas a que eu não consigo responder de forma clara. Aliás, eu que me gabava até há certo tempo de nem sempre saber o que queria, mas de saber muito bem o que não queria, dei por mim a chegar à dura constatação de que até esse postulado de almanaque está furado. Pelo menos no que à minha pessoa diz respeito. “No fim, quem sofre mais são sempre aqueles que não sabem aquilo que não querem”. Li isto, ou ouvi, um dia destes. Touché.
10 comentários:
Para já, começava a sentir a tua falta...ainda bem que regressaste.
Quanto ao texto, focas uma situação mais comum do que se possa pensar, pois acontece muitas vezes sermos apanhados numa indecisão daquelas mesmo importantes, e da qual depende não só a nossa felicidade e bem estar, mas também a de terceiros.
Costumo dizer que não me arrependo de nada do que fiz, mas se houvesse algo a "repensar" questionaria talvez de outra forma a recusa de um emprego muito promissor numa terra mais distante,"só" porque estava apaixonado e não queria deixar a minha paixão; claro que era uma paixão passageira, e o emprego, não o seria; mas o prazer do momento terá valido o "sacrifício"?
Abraço.
Devo confessar que esse último ano resolvi ficar mais tempo "em terra firme" por conta de perguntas como essas.
De repente me dei conta que estava em muitos lugares e não pertencia a nenhum deles, e olha que eu cheguei ao ponto de ter "duplo domicilio". Confesso que fiquei assustado...
Hoje tenho tentado balancear melhor as coisas... mas não é fácil...
Abraços e uma grande semana para você! (E um merecido descanço)
Uhhn...
Acho que também não sei o que não quero.
Oi, meu padeiro lindo e fofo!!!
Rapaz, essa coisa de querer e não querer é algo complicado!
Como vamos realmente saber o que queremos??? Querer pressupões precisar. Se precisamos é porque não temos.. e se não temos, como saber que é bom?????
Podemos querer aquilo que já tivemos e perdemos... mas como saber que vai ter o mesmo gosto? Como saber se vai dar o mesmo prazer?
Tempos atrás assisti "Speed Racer" e "Might Isis"... melhor seria não ter assistido! hauahuahuahuhua1
Então, como fazer? Bom, eu deixo a cargo da Vida! E vou tentando satisfazer as minhas necessidades mais prementes! De resto, que seja como Deus quiser!
Beijão, lindo, estava com saudades de vc... e ainda estou! Não passa mais pelo MSN?
:D
Posso saber pouco, mas, e à luz do que aqui li, posso afirmar que sei o que não quero. Pelo menos isso. Mas que dá medo fazer certas afirmações, lá isso dá. Abraço!
As certezas só o são até serem substituídas por outras, pelo menos no que ao mundo dos afectos e das relações diz respeito. Ir onde te leva o coração é uma patetice; seguir a razão pura e dura, uma palermice. Talvez a inteligência emocional... mas o que é isso exactamente?
A solução é resignar-se a dar umas cabeçadas na parede e chamar-lhe "experiência"... :)
Abraço
Bom, o importante, acho é não se arrepender demais depois de tomar qualquer decisão, qualquer rumo! Legal é tentar manter um equilíbrio entre todas as possibilidades (por exemplo, não abandonar os amigos por causa de uma paixão), mas depois de decidir é encarar e fazer o melhor! Ou não, hehehe...
BEIJO!!! Saudade docê, hómi! Que bom que voltou.
Eu não sei tudo o que quero e o que não quero ... mas a lista já está grande!
Em primeiro lugar, faço minhas as palavras do Pinguim: começava a sentir a tua falta :)
Em segundo lugar, aproveito para confessar que me identifico tanto nos últimos tempos com essa postura que criticas: viver para o trabalho... No entanto, comprometi-me a empenhar um ano da minha vida para trabalho e estudo intensos e ei-lo aqui, por isso não posso reclamar...
Por fim, acho que mesmo que saibamos o que queremos muitas vezes é dificil assumi-lo a 100%... vai-se assumindo com conta, medida e, claro, muito equilíbrio.
Gatooo! Blz? HUMMMM... assunto delicado, né? Chegar num meio termo, num ponto comum onde não se desagrade a nenhuma das partes, é praticamente impossivel....
Beijos, gato!
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