Some boys take a beautiful girl,
And hide her away from the rest of the world.
I wanna be the one to walk in the sun.
(Girls Just Wanna Have Fun, Cyndi Lauper)
And hide her away from the rest of the world.
I wanna be the one to walk in the sun.
(Girls Just Wanna Have Fun, Cyndi Lauper)
Domingo à tarde. Dia assim-assim. Preguiça de sair. Preguiça de deitar mãos ao (muito) que continua por fazer. O sofá chama por mim (e antes que alguém de boa memória se apresse a esfregar-me na cara a contradição, adianto já que não vejo mal nenhum em gastar uma tarde de domingo no sofá; sou é avesso, como escrevi antes, a quem quer fazer disso uma prática continuada, e ainda por cima, pretensamente, romântica. Tout court). Assumo o comando e começo a zapear. Estou com sorte. Em menos de 15 minutos vai começar O Sexo e a Cidade, o filme, num dos canais a cabo.
Sem querer beliscar susceptibilidades alheias, O Sexo e a Cidade, o filme, é coisa de gaja. Okay, a série também era sobre e para gajas; ainda assim, acho, era mais abrangente e com vários alibis semeados para que nós, os gajos que gostam praticamente das mesmas coisas que as gajas [mas não ao ponto de termos por fétiche calçar uns stilettos Manolo ou por fantasia casar num longo branco asssinado por Vivienne Westwood], nos sentíssemos identificados. Já o filme, dou de barato, cumpre perfeitamente a sua missão num domingo coach potato, mas apertou o cerco e, para meu gosto, ficou muito clube das luluzinhas - porque uma coisa é um gajo gostar de ler a Vogue, saber que o Marc Jacobs, além de low fat, está de tal forma enrabichado pelo seu namorado brasileiro que até já trocou alianças e cortou o bolo, ou ainda ter uma opinião formada sobre o regresso das ombreiras; outra bem diferente é, repito, ter por fétiche calçar uns stilettos Manolo ou por fantasia casar num longo branco assinado por Vivienne Westwood. No fundo, a diferença, subtil mas a diferença, entre o "tá-se bem entre elas" para o "deixa-me cá ser uma delas", if you know what I mean...
Sem querer beliscar susceptibilidades alheias, O Sexo e a Cidade, o filme, é coisa de gaja. Okay, a série também era sobre e para gajas; ainda assim, acho, era mais abrangente e com vários alibis semeados para que nós, os gajos que gostam praticamente das mesmas coisas que as gajas [mas não ao ponto de termos por fétiche calçar uns stilettos Manolo ou por fantasia casar num longo branco asssinado por Vivienne Westwood], nos sentíssemos identificados. Já o filme, dou de barato, cumpre perfeitamente a sua missão num domingo coach potato, mas apertou o cerco e, para meu gosto, ficou muito clube das luluzinhas - porque uma coisa é um gajo gostar de ler a Vogue, saber que o Marc Jacobs, além de low fat, está de tal forma enrabichado pelo seu namorado brasileiro que até já trocou alianças e cortou o bolo, ou ainda ter uma opinião formada sobre o regresso das ombreiras; outra bem diferente é, repito, ter por fétiche calçar uns stilettos Manolo ou por fantasia casar num longo branco assinado por Vivienne Westwood. No fundo, a diferença, subtil mas a diferença, entre o "tá-se bem entre elas" para o "deixa-me cá ser uma delas", if you know what I mean...
Não soltar a franga (ou manter os cojones no lugar, se preferirem). É ai que pretendo chegar. Folheio a edição de Abril da Esquire, versão espanhola, e nem preciso ir mais longe. Aqui está uma revista, como a grande maioria das publicações masculinas que não tenham por tema dominante carros e mulheres nuas, que só sobrevive graças aos muitos gajos que gostam praticamente das mesmas coisas que as gajas, mas que não querem sentir-se uma Carrie Bradshaw da vida airada (ou devo antes dizer, da virada?). Não tenhamos é ilusões. Ou vocês acham por acaso que se o target da Esquire, só para continuar no mesmo exemplo, não fosse - ainda que encapotado - gritantemente gay, os moneymakers do grupo editorial deixavam passar uma produção de moda desportiva com o modelo, to die for, enfiado numa jaqueta de vinil roxa combinada com umas calças de treino em malha preta coleante (pág. 180) ou ainda com duas bolas enfiadas no pólo Dsquared (pág. 181)? Óbvioooooooooooooooooo que não. Da mesma forma que não teríam baixado os calções, até ao limite da decência, ao campeão olímpico de natação Michael Phelps... Elementar, meu caro Watson, elementar.
E, subliminarmente ou não, a mensagem passa. Olho para a nova colecção retro, que a Adidas e a Vespa vão lançar em conjunto, e começo a salivar. Quero. Mas contenho-me porque, lá está, lembro-me a tempo da Carrie Bradshaw sempre que se depara com um novo par de Manolos e não quero fazer a mesma figura. Estica o peito, afasta as pernas, ma man. Gajo que é gajo pode até gastar mais dinheiro em roupa do que muita gaja, só não precisa é admiti-lo. Afinal, os armários estão ai para isso mesmo (ahã, é um duplo sentido).
E pronto. Se levaram demasiado a sério tudo o que escrevi até agora, está na hora de soltarem uma grande gargalhada e de irem às compras.
10 comentários:
Tsc tsc tsc.
Sobre sofás, acho que no fundo, passar a tarde nele é válida se NÓS o decidirmos fazer. Se for uma proposta de alguém, já é uma maçada. Chama-se a isso "vícios de solteiro".
...
O target de revistas "masculinas" também é uma questão gira: quando põem um tipo po-dre na capa da Men's Health (e lá dentro há muitos mais, e alguns deles enfiados na nova colecção Adidas-Vespa), é mesmo para acreditar que o público alvo são machões hetero?
...
Mas depois vejo no ginásio 2 tipos completamente nus a espremer pêlos encravados das púbis depiladas enquanto falam sobre o jogo a que vão assistir num rodízio em Famões e penso "uaaah??".
E concluo: as ideias preconcebidas já não são o que eram...
(o filme, realmente, é pra gajas, até porque às tantas já não se sabe se é um filme, se é um documentário sobre product placement - a série tinha conteúdo - fala um fã convicto)
Já agora, só para ajudar ao filme, dir-se-ia que, nas entre linhas, ressoa matéria/material suficiente para umas consultas de piscoterapia, o que, a avaliar pelo auto-retrato, não deverá abdicar de um certo estilo nova-iorquino woody-alliano, mas chique, claro, daquele género muito seu, dir-se-ia mais uma vez, estilo chaise longue Tom Ford mas forrada com o melhor print Giambasttita Valli.
É quase perturbadora a forma como não deixa de enunciar até entupir o cano cada sinal ou detalhe de um certo universo fetichizado gay, queer e/ou camp (como quem diz: "ahh, eu sei muito disto!" - e já agora vestidos de noiva V.W.? come on!! -) e depois, porque é "muito homem", se distancia critica e ironicamenye de tudo isso.
Esta sua "torre de marfim" tem rachas. E racha de gaja, dir-se-ia novamente.
Tanto musculo para dizer: "I'm such a lady"
HAHAHAHAHAHAHA
Inrockuptible, já valeu pela gargalhada.
Não se leve tão a sério que isso até lhe faz mal e depois, ao contrário de mim, não há psicoterapia que lhe valha.
Have a nice day!
Confesso que esses seus posts megafashion me são tão herméticos como, provavelmente, pra você quando escrevo de informática. Por isso, acho muito divertido!! :-)
Enjoy the couch! And a big fat full of cream or whatever baked potato! :-P
Ora, «il faut rire»!
Isso mesmo, quem ri seus males espanta.
É sempre um prazer ler-te, e já agora, alguns dos teus comentadores...
Nota-se estilo!
Abraço.
queremos mais que um post semanal, queremos mais que um post semanal, queremos mais que um post semanal... :p
A única coisa que me lembro é que quando eu era um "latinha menino", eu ia para escola com abrigo da Adidas e queria morrer com aquelas listras... kkkk
Quem diria que elas iriam custar tão caro anos depois! kkk
Abração meu amigo! Boa semana!
adoro a anglofobia portuguesa!!!
kkkkkkkk
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